Medicina

Explorando a Interoperabilidade nos Sistemas de Informação em Saúde

Dra Paula Calderon

Por

Dra Paula Calderon

O entendimento da interoperabilidade entre sistemas de informação transcorre da semelhança com a comunicação humana. Tanto nas interações pessoais quanto nos sistemas digitais, um emissor envia uma mensagem que é recebida e interpretada por um receptor.
Na comunicação humana, essa troca pode ocorrer através de diversos canais como voz, escrita ou gestos, e é influenciada pelo contexto, clareza e linguagem usada. Nos sistemas de informação,  softwares, plataformas e aplicativos funcionam como emissores e receptores, utilizando padrões e protocolos específicos para garantir que os dados transmitidos sejam claramente compreendidos e corretamente interpretados.
A codificação adequada dos dados é crucial para assegurar que todas as partes interpretem a mensagem de forma uniforme, e a decodificação eficiente é fundamental para a utilidade prática das informações trocadas.

Interoperabilidade

Interoperabilidade é fundamental em diversos setores, permitindo que sistemas, dispositivos e aplicativos diferentes comuniquem-se claramente sem necessidade de adaptações complexas. Essa capacidade é essencial para a eficiência e harmonia operacional, especialmente em campos como saúde, bancos e infraestrutura de energia, onde múltiplos sistemas precisam trabalhar em conjunto.
No setor da saúde, por exemplo, a interoperabilidade é crucial, pois facilita o compartilhamento seguro e eficaz de informações em saúde entre hospitais, clínicas e laboratórios, melhorando o acesso dos profissionais de saúde aos dados dos pacientes , o que promove um atendimento mais coordenado e de qualidade, e apoia a precisão diagnóstica, a otimização de tratamentos e avanços na gestão de saúde e pesquisa clínica.

Três níveis de interoperabilidade — técnica, sintática e semântica — representam camadas distintas de comunicação e integração entre sistemas de informação. Cada camada aborda um aspecto particular da capacidade dos sistemas em compartilhar e processar informações.

  1. Interoperabilidade Técnica: Permite que diferentes sistemas estabeleçam conexão e troquem dados usando tecnologia, sem foco com o que é feito com os dados após a transmissão.
  2. Interoperabilidade Sintática: Assegura que os dados transmitidos entre os sistemas sejam organizados utilizando padrões comuns, garantindo que o sistema receptor decodifique e interprete adequadamente os dados recebidos.
  3. Interoperabilidade Semântica: Camada mais avançada de interoperabilidade, utiliza terminologias e ontologias padronizadas para assegurar que as informações sejam consistentes e compreendidas da mesma maneira por todos os sistemas envolvidos.

Terminologias em Saúde
As terminologias são essenciais para a padronização e organização das informações, garantindo a interoperabilidade entre diferentes sistemas e dispositivos. Elas criam um vocabulário comum que facilita a comunicação entre profissionais de saúde e a integração de dados entre plataformas variadas e registros eletrônicos de saúde (EHRs). Essa padronização é crucial para oferecer assistência mais eficiente, segura e integrada, melhorando as práticas clínicas e os resultados para os pacientes.

Abaixo temos alguns exemplos das principais terminologias utilizadas no mundo:

  1. CID (International Classification of Diseases - ICD): Utilizada para classificar doenças e uma variedade de sinais, sintomas, achados anormais, queixas e causas externas de lesões ou doenças. 
  2. SNOMED CT (Systematized Nomenclature of Medicine Clinical Terms): Mais abrangente que CID, pois além das doenças, inclui achados clínicos, procedimentos, microorganismos, substâncias, circunstâncias sociais, localização geográfica e etc.
  3. CIF (ICP - International Classification of Functioning, Disability and Health): Uma classificação que conceitualiza a funcionalidade de uma pessoa de acordo com suas condições de saúde, fatores ambientais e fatores pessoais.
  4. CIAP (ICPC - International Classification of Primary Care): Sistema de codificação voltado para a Assistência Primária em Saúde que inclui além de doenças e condições orgânicas, questões sociais , psicológicas dentre outras.
  5. NANDA (International Nursing Diagnoses: Definitions and Classification): utilizada para classificar diagnósticos de enfermagem.
  6. LOINC (Logical Observation Identifiers Names and Codes): Focado na identificação de exames laboratoriais, compreende tudo relacionado à uma amostra (química, hematologia, sorologia, microbiologia e toxicologia).


Sistema LOINC

Fornece códigos universais para resultados de testes laboratoriais, facilita uma troca clara e padronizada de informações médicas, o que é essencial para alcançar interoperabilidade entre múltiplos sistemas de informação. Sua estrutura utiliza uma codificação numérica hierárquica que permite identificar de maneira única cada tipo de teste ou observação, detalhando aspectos como a substância medida, o método de medição e a escala de tempo, tornando cada entrada de dados clara, específica e compreensível globalmente.

A utilização do LOINC em sistemas de registro eletrônico de saúde (EHRs) otimiza a catalogação e o registro automatizado de dados de exames, reduzindo erros e o tempo dedicado à entrada manual de informações, elevando a precisão dos registros e melhorando o fluxo de trabalho.

Com o LOINC, os dados laboratoriais tornam-se mais acessíveis e analisáveis. Profissionais de saúde podem aproveitar essa padronização para realizar análises mais profundas e precisas, o que é essencial para a tomada de decisão. A capacidade de rastrear e comparar resultados de testes de forma consistente ao longo do tempo também melhora o monitoramento da progressão da doença e a eficácia do tratamento.


Na jornada em direção à uma maior integração e eficácia nos cuidados de saúde, a interoperabilidade entre sistemas de informação se revela como um pilar fundamental. Um ambiente altamente interconectado marcará um avanço crucial na forma como a saúde é administrada e praticada globalmente.

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